O ato mais difundido nas religiões do cristianismo é o ato de perdoar, que significa conceder perdão, absolver da pena; isentar de dívida; aceitar, suportar, tolerar; poupar. Para melhor entender o ato de conceder perdão, do ponto de vista religioso, tem-se uma passagem bíblica, do livro de Lucas (Lucas 15:11-32) sobre a história de uma família, bem afortunada, composta pelo pai e dois filhos. Certo dia, o filho mais novo reivindicou sua parte da herança, obtendo êxito em sua ação, logo, abandonou sua casa. Seguindo sua vida, de modo boêmio, rapidamente acabou com seu patrimônio. Sem recursos para continuar e ainda com uma crise de fome que atingiu a região onde residia, o rapaz conseguiu somente um emprego para cuidar de porcos. Em seu serviço passava fome, desejando até mesmo a lavagem servida aos animais que cuidava, quando decidiu regressar a sua antiga família, com a humilde intenção de conseguir ser um servo, uma vez que estes que costumavam servi-lo viviam em melhores condições do que a que se encontrava.
Chegando a casa, reconheceu seus erros e seu pai o perdoou, dando uma festa em homenagem a sua volta. Nesta situação, de acordo com os valores cristãos, o pai cometeu um perfeito ato de perdão, onde esquecera a ofensa praticada pelo filho e ainda celebrando a sua volta. A história também é uma analogia quanto ao reino de Deus que festeja o reconhecimento do pecador quanto aos seus pecados, festeja a volta de um filho de Deus para casa. Entendo então que o perdão implica em esquecer a ofensa proferida e esse é o grande problema em perdoar.
Em meados da década de 1930, com a ascensão do partido nacional-socialista na Alemanha, a proliferação de idéias como eugenia, supremacia da raça ariana e o anti-semitismo, resultou na brutal violação da dignidade de mais de 8 milhões de pessoas, por um governo preparado para matar em escala industrial. Certos momentos na história do homem nunca serão perdoados, sempre teremos a inquisição, escravidão, colonizações para exemplificar os atos de barbaridade que nos precedem.
Como perdoar o holocausto? Como os ofendidos de situações extremamente brutais devem esquecer o que sofreram? Devemos perdoar sempre, “sete vezes sete vezes”?
No nosso ordenamento jurídico somos capazes de perdoar, levando em consideração o esquecimento das ofensas, e também de nunca perdoar. Conhecemos o perdão judicial, mas também temos o instituto da reincidência penal, onde, respectivamente, esquecemos e não esquecemos dos atos antijurídicos cometidos.
Nesta pintura, chamada A volta do filho pródigo, Rembrandt faz referência à história bíblica mencionada, no momento em que o pai perdoa o filho.
A Bíblia não ensina desta maneira, pois se assim fosse, após recebermos o perdão de Deus de nossos pecados voltaríamos a ter vida eterna nesta terra, como no início. No entanto, como diz a Bíblia, "o salário do pecado é a morte" e isso se cumpre em nós. Acredito no perdão e pratico, porém a ação do mal feito deverá ser "pago" seja pela justiça humana (Leis...) ou divina. Como bem disse o Pr Claudio Duarte: "perdoar não é esquecer, isto é amnésia; perdoar é não sofrer quando é lembrado, isto é cura".
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