segunda-feira, 15 de março de 2010

Justiça x Perdão


Justiça

s. f.

1. Prática e exercício do que é de direito.

2. Conformidade com o direito.

3. Direito.

4. Retidão.

5. Magistrados e outros indivíduos do foro.

6. Poder judicial.

7. Lei penal.

8. Punição jurídica.

9. Uma das quatro virtudes cardeais.


Perdão

s. m.

1. Remissão de culpa, dívida ou pena. = desculpa

2. Absolvição, indulto.

3. Benevolência, indulgência.

interj.

4. Fórmula que exprime um pedido de desculpas.


Pelo conceito de justiça que foi extraído de um dicionário, percebemos que, muitas vezes, é uma palavra que tem conotação jurídica, tendo como sinônimos institutos jurídicos como a lei penal, o poder judiciário, punição jurídica etc. Vemos assim, que a nossa concepção de justiça está intimamente ligada ao conceito de punibilidade.


Ao perguntar para amigos e conhecidos “o que é justiça” e “o que é perdão”, ouvi respostas como “justiça é fazer alguém pagar pelo erro que cometeu” e “justiça é fazer o que é certo” enquanto “perdão é relevar, esquecer o erro cometido por outra pessoa”, “perdão é esquecer”. Percebi então, que cada um tem um conceito próprio de justiça e que já o conceito de perdão se aproxima: as pessoas concordam mais com o que é o perdão do que com o que é a justiça.


Depois, perguntei às mesmas pessoas “qual a relação entre justiça e perdão?” e ouvi respostas semelhantes: “justiça e perdão são conceitos distintos, geralmente onde há justiça não há perdão”. Quer dizer então que se você perdoa alguém você não está fazendo justiça ou que se você faz justiça é porque você não perdoou?


Não para mim. Penso que justiça e perdão podem sim estar lado a lado. Como por exemplo, no Direito Penal, por meio do perdão judicial, da anistia, da graça, do indulto, que são entre outras, formas de extinção da punibilidade. Note-se que justiça pode consistir no fato de deixar de se aplicar uma pena, bem como no fato de se aplicar a pena; tudo depende do caso concreto, da situação do agente.


Tomemos como exemplo casos que, infelizmente, ocorrem com uma certa freqüência: a mãe ou o pai que quando sai com os filhos pequenos de casa, por vezes recém-nascidos, ao fazerem compras ou irem trabalhar, esquecem os bebês dentro do carro, e que acabam “matando” os seus próprios filhos. Seria justo então, aplicar à esses pais uma pena privativa de liberdade, enquanto o sofrimento de ter matado os filhos é tão grande que não haveria pena que se igualasse a esse sofrimento?


É por isso que penso que perdão e justiça estão sim relacionados. Há casos em que a justiça é feita justamente quando o perdão é concedido.

2 comentários:

  1. Deborah, muito interessante essa discussão. Acredito que a justiça e o perdão deveriam andar juntos e ser complemento um do outro,assim como você ressaltou no fim. Entretanto como podemos perceber na charge, nem sempre quando perdoamos estamos sendo justos e a recíproca também é verdadeira, muitas vezes somos justos, mas não somos capazes de efetivamente perdoar. Pergunto então, é melhor sermos justos ou sabermos perdoar? Quando um desses pontos deve prevalecer?

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  2. Letícia, essa é uma questão delicada. Acho que depende muito da situação concreta: há casos em que é melhor sermos justos e há casos em que é melhor sabermos perdoar. Realmente é difícil decidir qual deles deve prevalecer, talvez a gente deva deixar o bom senso falar mais alto, não sei. Creio que há casos em que fazer é justiça é mais correto do que perdoar, principalmente quando envolve uma terceira pessoa; o perdão afeta mais as pessoas envolvidas diretamente naquela situação e já a justiça pode envolver terceiros, nesse caso, justiça teria mais repercussão do que o perdão.

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