segunda-feira, 19 de abril de 2010

A Força do Perdão Próprio

Perdoar... Muito se diz sobre essa palavra. Segundo o dicionário, perdoar é conceder perdão a; absolver de culpa ou dívida, desculpar, poupar. A palavra é, na maioria das vezes, utilizada em relação ao próximo, mediante seus erros e injustiças. Mas será mesmo que o perdão está condicionado ao outro e suas ações? Ou o perdão é uma maneira de pouparmos a nós mesmos por termos feito escolhas erradas, termos acreditado no que não devíamos, por elegermos governantes corruptos, por ficarmos inertes à violência e por, verdadeiramente, não agirmos em prol do outro, nos fechando cada vez mais em nosso mundo individual, restrito e “seguro”? A pergunta que se faz é que será que o perdão é preciso para absolver de culpa àqueles que roubam, matam, mentem ou a nós, que deixamos que estes façam, a todo tempo, ações vergonhosas e prejudiciais aos seus amigos, visinhos ou simplesmente companheiros de uma jornada e etapa da vida em um momento da história?


Raras são as ações exclusivas dos homens, entretanto, esses pouquíssimos sentimentos que os movem é que os tornam superiores aos demais seres vivos. Dentre os maiores atos dos seres humanos está a capacidade de amar, que também segundo o dicionário significa: querer muito bem a; gostar muito de; ter afeto a. E é a partir desse amor que surgem outras virtudes essenciais a esse primeiro e, é certo de que o perdão é uma consolidação dessa capacidade.


Perdoa-se não aquilo que nos faz sempre bem, que nos dá orgulho ou que nos é necessário e ao mesmo tempo não está em nós. O que se perdoa está dentro de cada indivíduo, mas não transborda, pois amando, se tem o equilíbrio e a vontade de seguir o caminho do bem. Perdoar é não apenas desculpar aquilo de errado no outro, mas principal e primordialmente deixar a nós mesmos livres do peso de não sermos totalmente capazes de movermos no próximo o amor que temos.


Os homens são individuais e cada um, sente a sua maneira, muito especificamente, tudo o que o rodeia. É preciso ter a consciência de que nossas ações geram sempre conseqüências e, interferem de alguma forma em todos os quais convivemos. A justiça se esbarra nessa possibilidade dos homens conseguirem praticar o equilíbrio e não prejudicarem o outro.


O perdão é um ato belo, essencial para a construção de um mundo mais justo. Através do perdão se é capaz de ver o que realmente não compensa, de perceber, qual o caminho que não se deve seguir em nenhum momento da vida. Os homens precisam dos homens. Não somos sozinhos neste mundo, apesar de muitos, acreditarem, quererem ou por infortúnio viverem assim. Apesar de sermos únicos, e sermos sim, capazes de alcançar a felicidade através de nosso próprio caminhar, para nos sentirmos completos é importante possuirmos um pouco do outro, termos um pouco do próximo e sermos um pouco do diferente, daquilo que não faz parte de nós.


Perdoar é ter a força de mesmo machucado, conseguir alimentar o amor no coração e não o rancor que destrói os sentimentos e as virtudes que movimentam o mundo para melhor, não deixando que o mal gere outro mal e, fazendo com que o bem prevaleça na sua mais plena forma.

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