sexta-feira, 21 de maio de 2010

Os perdões justiçados

Uma das mais certas afirmações é: todo mundo já teve que perdoar alguém e também já precisou ser perdoado. Somente há controvérsias no campo celestial, onde habitam anjos imaculados e seres tão puros e bons que não precisam exercer a graça do perdão e a sede de justiça.

É verdade também que mentirinhas do cotidiano são necessárias para estabelecer um convívio pacífico na sociedade. Assim como brilhantemente afirma Luiz Fernando Veríssimo em As Mentiras que os Homens contam: "Nós nunca mentimos. Quando mentimos, é para o bem de vocês. No máximo inventamos histórias" Até é possível aceitar esta tese. Realmente, quando paramos para pensar, vemos que é da natureza do homem. Contudo, até onde vai o limite para estas ''histórias inventadas''?

Segundo o escritor Dante Alighieri em A Divina Comédia, os mentirosos têm uma passagem garantida para o Inferno, pelo menos por algum tempo. Longe de questionar tal excelência, porém um dos atos mais sagrados não seria o perdão? Enfim, deixando crenças de lado, o problema central consiste na forma como lidamos com justiça e perdão para construção de uma sociedade.

No campo do direito, justiça deve ser a expressão da racionalidade. Deve ser uma resposta serena, organizada, institucional e coletiva que a sociedade dá a todos os que violam os bens juridicamente protegidos, entre os quais a vida é o mais importante. Em contrapartida, a sociedade vem com o perdão, dando sua própria resposta em um campo privado. Perdoar é o ato de libertar o outro da culpa, contudo é mais que isso. Em sua função libertária, o perdão liberta quem o pratica. É um ato de grandeza de espírito, que representa, acima de tudo, uma doação. Mas até onde vão estas respostas? No cotidiano verificamos que nem todo ato previsto como delito sofre justiça ou perdão, pois conforme mencionado, é o jeitinho natural do homem cometer tais ''mentirinhas''.

Portanto, o mais importante é saber que todos estão sujeitos a praticar atos delituosos e arcar com as consequências dos mesmos. Às vezes, terá justiça. Às vezes terá o perdão. Contudo, antes de fazer nosso prórpio julgamento, necessário verificar a eficácia das respostas que a justiça e o perdão nos dá.


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